Concurso
Situando-se no centro de Moçambique, a provincia de Tete faz fronteira com o Malawi, a nordeste, com o Zimbabwe e com as províncias de Sofala e Manica, a sul. è atravessada pelo rio Zambeze onde podemos encontrar a barragem de Cahora Bassa.
Deste modo, a cidade de Tete afirma-se como um ponto priveligiado de passagem de mercadorias e bens, e, com a descoberta de reservas de carvão nesta zona, constitui-se como uma cidade de crescente importância, expandindo-se para lá do rio Zambeze até Moatize onde podemos encontrar alguns dos maiores investimentos realizados nos ultimos anos. É aqui que nascerá o futuro Centro comercial de Tete, que visa fornecer os bens e serviços que são necessarios à população local residente, bem como à crescente comunidade de expatriados que a cidade tem recebido.
Localizado na estrada principal que liga o aeroporto com a cidade, o futuro centro comercial de Tete encontra-se implantado num terreno de 30 645 m2. O futuro equipamento afirma-se pela presente necessidade de fornecimento ao mercado existente, mas foi pensado numa perspectiva de futuro, que trará consigo uma cidade em expansão, uma população crescente, e um crescimento económico justificado pelos recursos naturais em desenvolvimento.
O programa fornecido contempla uma área de implantação que não deverá exceder os 18 837 m2, para um edifício com 2 pisos de lojas, restauração e entretenimento, e ainda estacionamento para um máximo de 1500 lugares. O centro comercial deverá ter 2 lojas âncora com 1500 e 3000 m2 respectivamente, e deverá prever 1 “drive-in” e sinaléctica visível para quem passa na estrada pricipal.
Estudados os afastamentos necessários para toda a estrutura viaria de acessos e transporte de mercadorias, e ainda do acesso ao “drive-in”, obtivemos a área de implantação ideal. Depois, e antes de nos debruçarmos sobre a concepção do edifício, estudamos o estacionamento e o seu funcionamento, concluindo que o afastamento entre pilares deveria ser de 8,10m para possibilitar o estacionamento de 3 viaturas. Estas premissas foram fundamentais para o desenvolvimento do projecto e evidenciam uma preocupação na concepção do centro comercial: aliar a inovação do design à sustentabilidade do edifício, tendo em consideração a realidade de Tete e os objectivos da CR Holdings, na construção de um edifício significante para a cidade, mas bem adaptado à conjuntura local.
Desta forma, o centro comercial foi pensado para poder ser extremamente funcional, com um aproveitamento máximo do espaço, tendo em atenção os factores do clima, da futura manutenção do edifício, mas também na escolha de materiais pesados facilmente adquiríveis no local (ex: betão armado), priveligiando a simplicidade dos processos construtivos utilizados e tendo em atenção os sistemas construtivos que utilizem mão de obra local. Este conjunto de preocupações revela um pouco da filosofia deste projecto, que procura juntar o design inovador do edifício, com premissas económicas realistas, que permitam cumprir os objectivos do promotor.
O edifício parte deste conjunto de premissas técnicas, no entanto o seu carácter inovador, o seu valor como peça de arquitectura, encontra-se presente de forma muito marcada. Do ponto de vista conceptual, o centro comercial resulta de um rectangulo que – numa primeira fase – se desdobra horizontalmente procurando quebrar a forma rectangular que resulta da disposição do programa. Numa segunda fase, este gesto repete-se nos alçados do centro comercial, resultando num edifício formalmente rico, destacando-se da generalidade dos centros comerciais pela sua modernidade, por ser uma peça arquitectónica que não vive da sofisticação das soluções técnicas, antes pela forma como a sua pele – feita de chapa metálica – absorve o envolvente, e torna-o parte de si, aproximando-se à escala das construções que irão crescer no espaço vizinho.
As marcas sinalizadas na fachada principal tornam-se parte do edifício, mas ganham grande visibilidade, acentuando o seu efeito comercial pelos neons poderosos que anunciam as lojas âncora, mas que também podem exibir os filmes em cartaz, ou a abertura de saldos ou espectáculos.
No interior, a arquitectura procura dar espaço para que as lojas possam reproduzir a sua mensagem. Criou-se um ambiente que permite que as lojas sejam chamativas, mas sem se tornarem demasiado cansativas para o visitante. Há luz natural espalhada pelo centro, mas sempre filtrada por lanternins que evitam o sobre-aquecimento. O visitante é convidado a percorrer todo o centro, tendo colocado para esse efeito as lojas âncora em lados opostos e em pisos diferentes. Este percurso leva-nos inevitavelmente a uma grande parte das montras que beneficiam assim da localização das lojas que atraem maior número de consumidores. A zona de restauração situa-se no piso superior, perto dos cinemas. Daqui podemos avistar todo o centro desfrutando de uma vista priveligiada sobre as lojas, mas também encontramos grandes janelas sobre a cidade. Todo o edifício se encontra ligado por acessos verticais e grandes corredores que permitem uma circulação desafogada, onde os aspectos da segurança foram salvaguardados.
Os modelos de centro comercial repetem-se de acordo com a dimensão dos mesmos ou de acordo com o seu grau de sofisticação. Na generalidade podem funcionar bem, mas muitas vezes não têm uma identidade própria. Neste exercício, beneficiamos dos aspectos funcionais herdados por modelos de shopping centers com esta dimensão, mas procuramos que tivesse um valor arquitectónico acrescido, em estreita relação com a realidade envolvente, mas também numa perspectiva de rentabilizaçao do espaço e dos recursos existentes, da forma como se pretende construir, procurando um ponto óptimo entre o design do edifício, os custos da sua construção, e exequibilidade do projecto.
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